segunda-feira, 9 de maio de 2011

Os silêncios podem ser tão diferentes uns dos outros quanto as palavras ditas... O que é que cala essa voz que não sai, que se desentende no instante em que fala? Depois de incontáveis dias de saudade infinita e muda, agora que podemos nos dizer tudo o que temos vontade, não dizemos absolutamente nada. Simplesmente não é preciso dizer mais nada. Há um silêncio imenso nesse espaço tão curto entre o teu corpo e o meu sobre o colchão. Teus olhos nunca foram tão profundos quanto agora que me oferecem todo o teu sentimento, e serenos, como se não tivessem a menor pressa de chegar ao final dessa declaração. Acariciam a minha pele, vagando pelo meu corpo de ponta a ponta, como se para ver se tudo continua onde tu tinhas deixado. Ao mesmo tempo, parecem não abandonar os meus próprios olhos, que também te percorrem devagar (ou eram as minhas mãos? tanto faz, já te sei de cor). Aí entendo Neruda, e me gustas cuando callas porque estás como ausente. Porque no lo estás.

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