domingo, 31 de janeiro de 2010

Sol e chuva competindo para mostrar quem é mais forte. Não sabemos se aquilo ali é um raio ou o brilho do sol escapando por uma fresta entre as nuvens escuras. E, como se isso tudo fosse pouco, surge um arco-íris nos desafiando a encontrar o tesouro. Há uma praça no fim do arco-íris, e é ela que nos abriga até cessar a chuva, apesar de já estarmos todos encharcados e adorando.

Seguimos caminhando e chegamos a um beco encerrado por uma antiga escadaria, cuja pintura branca foi levada pelo tempo, e hoje estêncil e grafite colorido fazem companhia às paredes. Tem uma boneca um pouco menos antiga, que teria sido sexy algum dia, inusitadamente presa em meio à folhagem da grade de um edifício.

Ela compreende o espírito daquele dia e enche a rua com uma música: "Raindrops keep falling on my head..."

Anoitece com lua cheia, e estamos sob os fogos de artifício no alegre porto.

Acho que hoje o céu está nos festejando, e vica-versa.




Foto de Eduardo Seidl: Porto Alegre, 2009.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Pensam, logo existo.

Hablan en Madrid dos mujeres, una puta española y otra inmigrante:

“- ¿Sabes que el mar aquí es muy importante?

- No hay mar aquí.

- Por eso, es donde más se piensa en él. Las cosas no son importantes porque existan, son importantes si se piensa en ellas. Como tu hijo que no está, pero piensas en el cada día, ¿a que sí?, por eso existe... porque piensas en él. Mi madre lo dice siempre que existimos porque alguien piensa en nosotros y no al revés, dice que lo dijo no sé quien, pero yo creo que se lo inventa ella, se lo inventa todo seguro. Yo, en realidad, no creo mucho en dios, ni soy muy religiosa ni nada, mi madre sí lo es. Yo, lo único, sí he pensado y creo que lo peor no sería que no hubiera nada después de la muerte, peor sería que hubiera otra vida que fuera como ésta.”

De la película Princesas: España, 2005.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Divagações I

Se a fotografia não consegue capturar certas imagens exatamente como os olhos as enxergam, por outro lado, ela oferece muito mais possibilidades que o olho humano. Escuto tantos psicanalistas repetirem que "amar é dar o que não se tem"... Da mesma forma, fotografar talvez seja mostrar o que não se vê.

Faz algum sentido isso?


Foto minha: João Pessoa, 2006.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Verbo difícil de conjugar

Decidir:

eu
tu decides
ele dicide
nós decidimos
vós decidis
eles decidem

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

50 anos de casamento e ainda eram companheiros. Toda quarta-feira ela o acompanhava, de braços dados, ao consultório da fonoaudióloga. Para um velho do século passado, a quem ninguém mais quer dar ouvidos, perder a voz seria mesmo um xeque-mate. Ao final da sessão, a fonoaudióloga celebra seu esforço:

- Dá pra notar que a voz do senhor tá recuperando a força, não é? Tá mais limpa, mais clara...

Curvado sobre sua bengala, ele se dirige à esposa na sala de espera com a voz mais rouca que eu já ouvi:

- Agora já posso fazer declaração de amor!