terça-feira, 29 de junho de 2010

No meio da aula, olhei para o meu colo. Várias folhinhas, pequenas, verdinhas. Não sei de onde vieram. Não tem árvores nesta sala. Meu colega se sentia mal. Ele estava tonto, mas não queria parar de cantar, caminhando entre as classes. Eu não conseguia acompanhar a aula de geografia porque estava sem o livro. Tinha emprestado para uma colega que eu nem gosto. Depois ela me deu uma desculpa esfarrapada, algo sobre trocar o livro por gibis, não o devolveu. Na verdade, nem era por isso que eu não conseguia acompanhar a aula. É que eu estava prestando atenção nos cometas lá fora...
Fui caminhar pelo parque com duas amigas. As três lado a lado, eu no meio. Olhei as poças de sol que clareavam a terra onde a sombra das árvores permitia. Uma das gurias estava só com um pé do All Star. Não sei por quê. Na rua Vicente da Fontoura, descemos a lomba de carro, todas suando muito. Chegamos na casa da amiga de um só tênis. A casa era menos velha do que antes, reparei. O pai dela estava saindo de casacão. Avisamos que fazia muito calor lá fora. Quente demais. Dentro de casa está fresco e agradável, mas tu vai ver no sol. Como se a gente, que chegava da rua, viesse com a obrigação de contar esse segredo aos de dentro da casa. Ele saiu sem o casaco.
No salão, vários guris faziam uma roda para jogar futebol. Começa com um chute de escanteio, pelo que eu sei. Não é assim que se chama? Um deles não queria nos conhecer, mas ele já tinha nos visto, teve que se apresentar. Eu ri da situação. Ri da cara dele. Saí dali porque tinha água jorrando de alguma parede. Fui sentar no chão ao lado de outra amiga. Falamos sobre qual é o jeito mais fácil de um terapeuta errar com seu paciente. Ela guardava relógios dentro de um aquário sem água. Era difícil pegá-los por causa das garrafas que ficavam em cima da tampa. O irmão dela pegou uma tacinha, e serviu um licor por cima de outro. Mas eu gostei dos relógios. E eram vários. Com diferentes formas, tamanhos, cores e ritmos. Um deles era tão rápido que parecia um ventilador de boate. “Eu tenho um relógio iconoclasta. O problema dos iconoclastas é que tu só olha pra eles de vez em quando” comentou a minha amiga.
No final, o sonho inteiro estava escrito e impresso. Fui passando os olhos pela página, para não me concentrar demais no texto, senão eu acordaria. Acabei me despertando no trecho que falava das “eróticas do tempo em que facadas no peito salvavam uma hipertensão”.

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